sábado, 2 de janeiro de 2010

Psicologia do Esporte e Surf

Uma mesa do II Congresso Abrapesp tratou de esportes não-Olímpicos onde foram relatados trabalhos com o triathlon, beach soccer e o surf. Representando esta última categoria estava a Psicóloga Especialista Diva Assef que desenvolve trabalhos na área há vários anos. Com uma abordagem bem direta e sem “firulas”, Diva falou sobre a pressão que existe neste esporte, desconstruindo a imagem de trabalho dos sonhos. Afinal o surfista tem uma representação social de uma atleta que curte a vida, pegando ondas nos “picos” mais “irados” do mundo. Desbravando paraísos fora do alcance dos meros mortais. Ela também faz uma brincadeira sobre o aspecto do surfista, “jovens lindos com corpos malhados e dourados”.

Diva relata que por trás desta imagem de bom vivan existe uma pressão constante sobre estes atletas. Um dos desafios que eles tem de vencer é a própria logística dos campeonatos e das viagens para gravações de filmes promocionais. Um dos relatos era de atletas que percorriam mais de 36 horas entre o Brasil até um destes paraísos tropicais, esperando várias horas em aeroportos, pegando vans, barcos, lanchas em busca da tal onda perfeita. Parece exagero de quem “cuida” de seus atletas, afinal em nossas férias viajar algumas horas para outro continente pode até ser cansativo mas vale o esforço. Entretanto esta é a grande diferença entre o turista e o profissional que é obrigado a fazer estes percursos várias vezes por ano.

Mineirinho, melhor surfista brasileiro da atualidade, foi foco de uma reportagem da revista da GOL (edição de dezembro de 2009), o repórter explorou duas possíveis explicações sobre os resultados de brasileiros no WCT (série A do surf mundial). Ambas foram explanadas pela Diva durante o Congresso. A explicação técnica fala sobre falta de estrutura para os treinos nas praias onde são disputadas as etapas. Além de sofrerem com dificuldades com o idioma e tendo que resolverem todos os problemas que podem acontecer durante as competições. Um exemplo disso é que Mineirinho para treinar no Havai chega a levar 10 pranchas e pega mais 5 por lá! Imagine ter que preocupar-se com bagagem, hotéis, dinheiro, afinal para muitos deles a premiação é fundamental para financiar a próxima etapa. Todos estes aspectos prejudicam qualquer competidor, dificultando o foco na competição.

A outra explicação fala da "conspiração" para que os atletas patrocinados pelas grandes marcas (organizadoras das etapas) tenham notas melhores. Como na ginástica olímpica ou saltos ornamentais, as notas passam por alguns critéios subjetivos e este formato das competições aumenta o grau de estresse vivenciado por estes atletas. Pois somados a isto tudo existe uma interação com a natureza que torna as baterias mais imprevissíveis. São 20 minutos para os atletas escolherem as melhores ondas, portanto a administração do tempo e escolha é fundamental para desempenhar suas habilidades nas ondas mais favoráveis.

Foi ótimo ver a matéria da revista da Gol e relembrar desta mesa tão proveitosa do II Congresso. Quanto mais leio sobre diferentes esportes mais penso sobre o papel do preparo mental para o desempenho ótimo. Poucos atletas tem a possibilidade de contar com a estrutura que o Mineirinho possui, já uma assessoria psicológica por mais que não resolva os problemas logísticos, poderia favorecer a mudança e manutenção de foco ao menos durante a competição.

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