segunda-feira, 17 de maio de 2010

Criando uma identidade para a Psicologia do Esporte

Por Robert N. Singer 
Robert N. Singer é professor no departamento de ciências do exercício e do esporte da Universidade da Flórida. 
Singer recebeu seu PhD em 1964, da Ohio State University. Seus interesses de pesquisa estão na compreensão do papel dos processos cognitivos na aquisição de habilidades motoras, bem como na perícia, com implicações para treiná-los para facilitar a realização. 

Como ex-jogador de basquete universitário e de beisebol, sempre tive um profundo amor pelo esporte e a valorização de experiências associadas à dedicação e determinação. No decorrer dos anos, tenho buscado alcançar proficiência em muitos esportes. Meu fascínio e admiração por grandes atletas, bem como os fatores que contribuem para a excelência moldaram a minha carreira de inúmeras maneiras. 

Minha vocação me levou a tornar-me professor de educação física e treinador. Durante meus estudos de doutorado em educação física na Universidade Estadual de Ohio, no entanto, fiquei entusiasmado com a psicologia e o estudo científico do comportamento, além de pesquisa, métodos experimentais e estatísticas. Meu desafio pessoal, não foi apenas de digerir o conteúdo das aulas de psicologia, mas de fazê-lo bem. 

Em 1964, fui contratado pelo Departamento de Educação Física da Universidade de Ohio. Durante a minha estadia na OSU e através de outras experiências na Illinois State University e Universidade Estadual de Michigan, eu desenvolvi cursos de graduação e mestrado em aprendizagem motora (motor learning). Esse conhecimento, combinado com as minhas notas na graduação levaram-me a escrever um livro em 1968, intitulado “Motor Learning and Human Performance” (Aprendizagem Motora e Desempenho Humano). Sendo reconhecido como um dos 20 melhores livros de educação naquele ano. 

Comecei uma carreira de 17 anos na Florida State University, em 1970, no que era então chamado de educação física. Criei cursos de graduação, bem como programas de mestrado e doutorado em psicologia do esporte em 1972, talvez o primeiro ou entre os primeiros nos Estados Unidos. Realizei o mesmo trabalho na Universidade da Flórida logo após minha contratação em 1987 como Diretor do departamento de ciências do exercício e esporte. Durante toda a minha carreira, sempre tive relações estreitas com os colegas de "estatura" científica e profissional na psicologia. Colaboramos de diversas maneiras, tanto no compartilhamento de idéias de pesquisas, como trabalhando em comitês de aconselhamento para os estudantes de doutoramento. Eu não teria sido capaz de atingir os resultados individuais que obtive, nem estabelecer programas nacionais e internacionais de pós-graduação em aprendizagem motora e em psicologia do esporte, sem o apoio
profissional e de pesquisa dos meus colegas de psicologia da universidade. 

Psicologia do esporte pode ser vista como uma das ciências do esporte ou como uma das muitas especializações em psicologia. Em um departamento, como a nosso, denominado “Exercise and Sport Sciences” (Ciências do Exercício e do Esporte) na Universidade da Flórida, ou em outro lugar “Kinesiology” (como na Pennsylvania State University), o interesse está na pesquisa e ensino relacionados com a realização no desporto, exercício e de outros domínios relacionados ao movimento. De um modo geral, os psicólogos estão mais interessados em serviços clínicos e de aconselhamento para os atletas, embora a pesquisa esteja aumentando. Devido as diferentes perspectivas profissionais, educacionais e de pesquisa associadas com a psicologia do esporte nos departamentos de psicologia e nos departamentos de ciências do exercício e do esporte, esta especialização tem crescido rapidamente em profundidade e amplitude nos últimos anos graças aos esforços de colaboração por parte de muitas pessoas dedicadas. 

Minhas relações acadêmicas, profissionais e pessoais, construíram uma ponte entre estas duas áreas e isso me permitiu ser constantemente desafiado, estimulado e manter-me entusiasmado com o trabalho. Sinto-me tão animado agora como eu estive quando comecei a minha carreira. Na verdade, o caminho do meu doutoramento até agora foi totalmente não mapeado e inesperado, como a psicologia do esporte, em 1960, não havia sido reconhecida como uma disciplina digna de estudo. Eu tive a sorte de me sentir preenchido e sou grato pelas numerosas e variadas oportunidades que incluem o cargo de chefe da Divisão de Psicologia do Desporto da primeira Comissão de Medicina Esportiva do Comitê Olímpico dos Estados Unidos em 1978. 

Depois de todos estes anos de estudo da psicologia do comportamento e da literatura sobre neurociência cognitiva, na tentativa de contribuir para o conhecimento do corpo científico, bem como em ter um impacto no mundo "real" em determinadas áreas associadas com a psicologia do esporte, eu ainda tenho uma sensação de frustração. Gostaria de poder aplicar o que eu penso que sei ao meu desempenho. Eu gostaria de antecipar melhor no tênis, não perder a paciência no golfe, concentrar-me melhor quando jogo boliche, suportar mais a dor na esteira e na piscina para melhorar meu condicionamento físico. Mas, novamente, onde estaria o entusiasmo
no esporte sem estes tipos de desafios?

* A matéria foi inicialmente publicada neste link em lingua inglesa. Em contato com o Prof Singer, ele gentilmente autorizou sua tradução e publicação pelo blog.

Um comentário:

  1. Muito bom Tiago.
    Bacana o depoimento do Singer.
    Conhecer esse "mestre" no congresso ano passado foi muito bacana.

    Abraços.
    Rodrigo Falcão.

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