quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Quais as lições do último lugar? DIA 12

Selecionei manchetes de dois dias seguidos. Ambas reportagens retratam o desempenho da equipe brasileira de Bosled feminino nos jogos de Sochi. Na primeira (esquerda), o repórter ironiza a participação das mesmas enfatizando a celebração da penúltima colocação com um ponto de exclamação. No dia seguinte(abaixo), o mesmo site compara o bobsled brasileiro com a patinação de velocidade holandesa.  
Começando com a segunda matéria. Alguns fatos sobre tal comparação. Primeiro, a Holanda é o único país do mundo que possui equipes profissionais de patinação de velocidade. Eles não so venceram o maior número de medalhas em patinação de velocidade em Sochi, como estão batendo todas os recordes de medalhas na modalidade em uma única edição. Normalmente há duas varridas de pódio, isto é, quando atletas de um só país conquistam todas as medalhas. Entretanto nesta edição, já houveram 4 varridas da Holanda apenas na patinação de velocidade de pista longa. Segundo, Sven Kramer, o atleta holandes é 6 vezes campeão mundial, bicampeão olímpico da prova de 5.000 e só perdeu a prova de 10.000 em Vancouver 2010 por causa de um erro do seu treinador que indicou a linha errada. Mas o que isso nos ensina? Bem, metas são pessoais e estabelecidas de acordo com a capacidade de cada um de atingimento. Se você é um dos favoritos a expectativa de vencer é enorme e a frustração de não vencer também.
 
Voltando para a primeira reportagem aqui, pude tirar proveito do que foi dito pelas atletas. Apesar do repórter (e 90% das pessoas que comentaram) desconsiderar(em) a relevância da performance brasileira, as atletas mencionaram duas estratégias consagradas de qualquer treinamento de habilidades psicológicas, o estabelecimento de metas e a retomada de foco. A teoria diz que as metas devem ser focadas em processo e não apenas em resultados. Entretanto caso sejam em resultados, as mesmas tem que ser realistas e atingíveis. Nem todos concordam, mas para o bobsled brasileiro, participar dos jogos olímpicos já é por si só uma conquista. Vamos mais além. Observem o comentário da atleta: 

"A gente está aqui pra competir. Queríamos fazer em menos de 1min00s e conseguimos fazer isso [em cada descida]. Batemos a Coreia, que era uma meta nossa, que a gente queria bater. Fizemos uma descida limpa, boa. Amanhã (quarta) é melhorar esse resultado que a gente fez hoje", afirmou Sally Mayara após a performance do dia.

Diversas metas que foram atingidas. Descida limpa ou sem erros - meta de processo. Descer em menos de 1min - meta que mistura resultado e processo. Finalmente, bater a Coreia, essa sim meta de resultado. O reestabelecimento de foco ficou claro na segunda fala da atleta.

"Com certeza. Nós tivemos um probleminha no último treino. Foco total para hoje, e graças a Deus nós conseguimos fazer um bom push, uma boa descida, e uma somatória de tempos satisfatória. Vamos para amanhã"

Probleminha no último treino?!?! (elas tiveram um acidente em que tombaram o trenó!) Que resposta fantástica! Em uma situação como essas remoer o passado e valorizar o acidente só serveria para aumentar a ansiedade (somática e cognitive) de descer de uma pista de gelo a 120km/hr para competir novamente. Mudança total de foco no que pode presente e controlável. A atleta ainda divide a prova em processos, um bom push + uma boa descida = somatório de tempos satisfatório.

Para finalizar, o bosled é a Formula 1 dos jogos olímpicos de inverno e os trenós, bem como os bólidos da F1, são produtos de anos de pesquisa e muitos dólares de investimento. Portanto, será que alguém que chega tão atrás tem realmente algo a comemorar?!?! Ou aprender?!?! Será que esta pessoa tem futuro no esporte?!

Confira esta matéria curta de 2002 e tire suas próprias conclusões.
 
Webber foge da última fila e comemora
Sábado, 30 Março de 2002, 16h53


São Paulo – O australiano Mark Webber, da Minardi, vibrou após ter escapado de ficar na última fila. Ele conseguiu o 20º posto na sessão de classificação deste sábado deixando o brasileiro Enrique Bernoldi, da Arrows, em penúltimo lugar. “Foi um bom treino e os mecânicos fizeram um grande trabalho. Poderia te ter tirado um pouco mais do carro, mas fiquei feliz com minha melhor volta nesta tarde. Estamos fazendo progresso. Ficamos mais perto dos tempos dos dez primeiros colocados.”

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